Como podemos compreender a morte?
O Céu não é um lugar, mas uma situação. Santo Agostinho disse assim: "Se Deus mesmo nos fizesse essa proposta: Ficai com a abundância de todos os bens da terra, e vivei em pleno gozo, não só por algum tempo somente, mas para sempre. Porém, nunca mais vereis o meu rosto. Que coisa responderíeis? O amante diria: Ah, que me sejam tirados antes todos os bens, mas que eu veja a tua face".
Assim, o Céu, antes de ser desejo do ser humano, é oferta gratuita e livre de Deus. Mais que "seres esperantes", somos seres esperados. O Pai quer compartilhar com seus filhos seu céu, sua morada.
Poderíamos dizer que o Céu é o sentido da Terra. O Céu, no seu êxtase, sonha uma Terra perfeita. A Terra, na sua pena, sonha um Céu perfeito.
"O Céu é um banquete eterno em que a fome aumenta na proporção da comida, conferindo um prazer sem saturação" (Nicolau de Cusa).
A morte será um desnudar-se da velha condição, para o encontro total e definitivo com o Eterno, como recita uma poesia mística da Índia: "Então soltarás os laços das minhas vestes e eu me entregarei ao Teu amor".
O Céu é um símbolo que designa a superação de todo espaço, a libertação das coordenadas espaçotemporais que nos limitam e colocam fronteiras ao desejo humano.
O Céu é a realização absoluta de nossa aspiração à perfeição. É a plenitude da vida, do amor e da felicidade. É onde cada pessoa não só conserva o seu próprio nome, mas o reconhece e aprofunda (Ap 2,17).
O que espera o ser humano na noite da morte não é o Nada, o Vazio, o Nirvana, nem o Absoluto, mas sim uma Pessoa amada: o Esposo de nossa alma. O coração humano não quer saber tanto do Céu de Deus, mas do Deus do Céu.
Mais: se o céu não fosse Deus mesmo, o grande amante preferiria Deus ao céu, o Rei ao Reino. Santa Teresa diz que preferiria estar no inferno com Deus do que no céu sem Deus.
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