quarta-feira, 22 de março de 2023

 "Quando caiu a primeira folha do outono, soube a terra desnuda da folha a lhe vestir amarelo. Com sua despedida da árvore à espera do inverno, cumpriu-se a própria vida, quando nela se revelaram as singelezas que costuram seus ciclos e colorem seus reinos. E quando soube o homem o que vivia nas sementes e também nos frutos, a poesia aconteceu com o despertar do sol. Pois a beleza se confessa nos olhos daquele que na vida também já despertou. A beleza se usa da poesia como alimento, para viver em nós e através de nós se perpetuar. Quando caiu a primeira folha do outono, soube a terra desnuda da folha a lhe vestir amarelo; pensando no vestido de baile; pensando em se parecer com o sol..."

(Guilherme Antunes)


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