O QUE APREDEMOS ATÉ AGORA?
A vida vai nos levando e,ás vezes, a gente pára e se pergunta:"Mas o que aprendi de essencial até agora?
Estas rugas,esses cabelos brancos,esses filhos,netos,todos esses corpos,casas e países habitados,todos os jornais e livros que lemos(ou que não lemos),os animais que tivemos,tudo o qe não exibiram nos museus do espantoenfim,tanta alegria e perplexidade,tudo isto,para quê?...
Salomão foi sintético demais quando resolveu,já no acaso dizer "vaidade das vaidades,tudo é vaidade".Há algumas sutilezas nesse aprendizado.
Talvez o verdadeiro aprendizado comece quando descobrimos que certas perguntas não têm respostas,que a arte da vida não esta em achar respostas,mas em trocar de perguntas,que as fundamentas são irrespondíveis,e que perguntas são viscerais do que as respostas.
Então, como naqueles jogos em que se vai lançando dados e avançando nas casas a percorrer,agente pode dizer para outro "Ah! voce ainda ta nesta pergunta?Olha,eu já estou nesta aqui,é ótima,ela tem me enriquecido,mobilizado me feito viver intensamente".
Sobre o amor julga ter aprendido algo,mas sempre se supreende que estárepetinto as lições.Ah! O amor-esse interminável apredizado.Cada amor é um amor,cada amor um jeito de amar o próprio amor.E reconhecendo que o amor é a essência das essências ,então a gente pode reconhecer que erraram os que disseram que era o trabalho,a luta de classes e a guerra que moviam a história.O que move a história e nossos pequenos gestos é o desejo.O desejo e seus descobrimentos: amor e paixão.O resto são máscaras do mesmo.Apredemos,então,que se ama diferentemente em cada idade.E a perícia maior na arte de amar é descobrir as sutilezas do amor que cada idade o amor nos doa.
Sobre o amor se julga ter apredido algo,mas sempre se surpreende que está repetindo as lições.Ah!o amor-esse apre
Sobre o amor a julga ter aprendido algo, mas sempre se surpreende que está repetindo as lições. Ah! O amor-esse
Aprende-se com isto que o amadurecimento tem o som, o ritmo do adágio. Para trás vai ficando o saltitante "allegro vivace", chega um tempo em que assumimos o ritmo do discreto outono. E a nossa figura incorpora aquilo que se chama a pátina do tempo. Aprende-se que as amizades são delicadas. São muito delicadas as amizades, e muitas podem se romper ao mínimo descuido, e cultivá-las está entre a arte do ikebana e a arte da porcelana.
Aprende-se também que país é mais que um mapa, mais que um conjunto de forças econômicas e sociais, que um país, no fundo, é um desejo, uma fantasia que não se realizará jamais. Que cada um tem um país na cabeça, e do confronto de todas essas fantasias com as impossibilidades é que se faz o país possível.
Aprende-se que, na verdade, precisaríamos de poucas coisas, que a volúpia de possuir e de acumular é uma perversão dos civilizados. Precisamos de uma casa, do amor, da família, de meia dúzia de objetos e de amigos, precisamos que nos respeitem e, no entanto, meu Deus! como é difícil obter isto. Em certos livros clássicos há sempre uma cena em que alguém experimentado dá conselhos a um jovem que parte para a vida. Adianta pouco. O jovem só vai entender aquilo quando tiver feito metade da travessia.
Às vezes tenho a pretensão de achar que já estou começando a entender certas coisas. Há muito que tenho esta sensação,de que um certo sentido vai se configurando.Daqui a uns cem anos, quando eu morrer, vou pedir para me colocarem esse epitáfio entre duas reticências:
"...logo agora que eu estava começando a compreender...".
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