Não escreverei versos chorosos
cantando tristezas infinitas, amores impossíveis,
saudades dolorosas, paixões trágicas e não
correspondidas.
Tenho a vocação para a felicidade.
Ser feliz não me traz sentimento de culpa.
Não preciso da tristeza para justificar a
inutilidade da vida.
Não preciso morrer e ir ao céu para
encontrar a felicidade.
Quero-a e tenho-a neste espaço terreno do
aqui e do agora.
A felicidade, tal e qual, o amor
está dentro de mim e transborda
em ternuras, em melodias, em carinhos, em alegrias,
em cantos e encantos.
Sou feliz e não preciso me justificar.
Sorrio sem ver passarinho verde.
Não tenho medo de ser feliz
Faço minha estrela brilhar sem receio dos encontros,
desencontros,encantos e desencantos que o amor me diz.
Contrariedades? Eu as tenho!
E quem não as tem na vida secular?
Escassez de dinheiro?Nem é bom falar.
Amores não correspondidos?
Separações? Rejeições?
Saudades incuráveis?
Carinhos reprimidos, ternuras guardadas,
sem a contra parte do outro?
Eu tenho aos montões.
Sou a rainha das perdas,
necessárias ao meu crescimento.
Contudo quem não soube a sombra não sabe a luz.
E num livro de matemática existencial
juntei todos esses problemas insolúveis,
com as respostas nas últimas páginas.
Mas pra que me debruçar sobre eles, procurando a solução
se a própria vida me conduz a resposta final?
Sem medo de ser feliz vou por aqui e por ali...
Por onde os caminhos, as trilhas,
os atalhos me levarem, traçando meu rumo.
Às vezes com alguma tristeza mas quem disse que felicidade
é o contrário de tristeza?
Tristeza é só uma momentânea falta de alegria!
É, amigo, amanhã é sempre um novo dia
e quando a infelicidade passar por aqui, minhas
malas estarão prontas para eu ir por ali.
**Carlos Drummond de Andrade