A arte de ser feliz. Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino. E eu me sinto completamente feliz. Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim. Cecilia Meireles
NÃO DEIXE AS PESSOAS TE COLOCAREM NAS TEMPESTADES DELAS. COLOQUE-AS NA SUA PAZ. Buda.
domingo, 10 de maio de 2009
"Feliz dia das mães"...Ao ler esta mensagem achei muito parecida com minha vida,hoje sou filha de meus filhos.Deus abençoe meus filhos,amo voces.
Canção de ninar
Teve nela sua origem. Uma minúscula quantidade de carne, músculos, ossos. Estava ali. Enrolada, como uma trouxinha de roupa, recendendo a uma vaga mistura de gente e lavanda.
Foi entregue nos braços que prepararam o gesto de amparo, numa ansiedade contida. O primeiro contato com aquele morno embrulho, transtornou a mãe. Um ser vivo, criado e mantido, tépido, dentro de seu próprio corpo. Agora, sobre seu ventre, a criaturinha, do lado de fora, como que se apoiava no berço abandonado.
Instintivamente, acalentou o filho de leve e procurou-lhe a face ainda enrugada, olhinhos apertados, uma cor rósea a se espalhar pelas bochechas, a boca meio crispada. Cabecinha quase nua, com penugem de pássaro, testa estreita, mãozinhas fechadas, tudo em latência de espera.
E ela cantou, baixinho, uma cantiga infantil. O pequeno fez caretas de reconhecimento ao som da voz que já ouvira de dentro da caverna, que há pouco era seu lar.
Abrindo os olhos, sugou o primitivo alimento, se acomodou na delícia única que conhecia.
E cresceu, esticou os membros, deu passos, realizou sons, fez risos, correu, aprendeu os elementos circundantes.
E veio o medo. Como o da chuva forte, batendo nos beirais dos telhados.
Ela se aconchegava ao seu lado e cantava a cantiga infantil, contando de duendes, gigantes e castelos fortificados. O sono tranqüilo se aproximava, ela se erguia, deixando no lugar vago o urso de pelúcia, no qual seus bracinhos buscavam segurança.
A cabecinha nua se encachou de sedosos fios negros. O menino se fez homem e a mãe permaneceu mãe.
A cantiga infantil foi morar em fundos de memórias.
O relógio e seus ponteiros. O calendário e suas folhas arrancadas. Primaveras e verões. Alegrias e dores mescladas nas agendas.
Um dia, a mãe quebrou o relógio e desfez as lembranças. Não se recordava de cenas, de fatos, de fotos, de fisionomias.
A cabeleira rareou e se tingiu de neve, os passos esqueceram os caminhos.
E ficou com medo da chuva forte. Uma aflição irracional. Carência de segurança. Precisão de apoiar-se.
O filho deitou-se ao seu lado, cantou-lhe a cantiga infantil esquecida. Ela se acalmou e, baixinho, repetiu palavras e melodia.
Um sono repousante a envolveu toda. E ela lhe pediu o urso de pelúcia, lá do fundo do armário. Abraçou-se nele, feliz e reencontrada.
Permaneceram assim. Posições trocadas. A vida obedecendo aos círculos que se completam.
Dora Vilela
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Um comentário:
Bom dia minha irmã. Depois de um mês voltei a postar. Hoje vi sua postágem, que linda!È verdade agora somos filhas de nossos filhos.Ainda bem que fizemos o melhor e guiadas por Deus para dar aos nossos filhos bons exemplos, para a construção de suas vidas.Podemos agradecer à Deus, pela criação que demos a todos.Já somos recompensadas. Tenha um ótimo começo de semana. Deus te abençõe. Beijos. Teamo minha irmã.
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